REPOSIÇÃO HORMONAL

Creme hormonal pode melhorar sintomas da menopausa sem aumentar risco de trombose

Autora: Marlene Busko

Nova Orleans, Louisiana – Um pequeno estudo sugere que um creme hormonal manipulado derivado de planta pode não somente melhorar os sintomas menopáusicos, incluindodepressão, ansiedade e dor, como também promover efeito antiinflamatório sem aumentar a formação de coágulos.

Pesquisadores da University of Texas Health Science Center, em Tyler, obtiveram, em 1 ano, resultados seguros e eficazes promissores em 75 mulheres em peri- e pós-menopausa que receberam terapia de reposição hormonal individualmente formulada aplicada na forma de creme sobre a pele.

“Os resultados de 1 ano são muito animadores”, a autora principal, Dra. Kenna Stephenson, médica, contou ao Medscape Psychiatry. “Acreditamos que hormônios transdérmicosmanipulados aliviariam os sintomas menopáusicos, mas não prevíamos que eles também poderiam apresentar efeito favorável nas vias inflamatória, hemostática e cardiometabólica”.

O estudo foi apresentado nas Sessões Científicas da American Heart Association de 2008.

Nos Estados Unidos, aproximadamente 15 milhões de mulheres encontram-se atualmente na peri- ou pós-menopausa e, como tal, apresentam risco aumentado de doença cardiovascular, disse a Dra. Stephenson.

Uma vez que o estudo Women's Health Initiative mostrou um maior risco de câncer de mama, acidente vascular encefálico e demência com a terapia hormonal convencional, mais mulheres procuram tratamentos alternativos para os sintomas da menopausa, como fogachos, sudorese noturna, sono interrompido e irritabilidade.

“Observamos um aumento na utilização de terapias hormonais transdérmicas manipuladas nesta população, mas a segurança e a eficácia dessas formulações não foram estudadas”, ela disse.

Para avaliar o efeito hemostático e antiinflamatório da terapia de reposição hormonal manipulada transdérmica, os pesquisadores recrutaram 150 mulheres na peri- e pós-menopausa, com idade de 30 a 70 anos.

Metade delas foi designada a receber o tratamento usual e as demais, o creme manipulado. O tratamento usual foi definido como a terapia hormonal convencional com estrogênio eqüino conjugado e medroxiprogesterona.

A terapia hormonal transdérmica consistia em estrogênio derivado de plantas, progesterona e, algumas vezes, testosterona e dehidroepiandrosterona (DHEA).

Às participantes do grupo do creme transdérmico foi prescrita uma terapia individualizada com base nos níveis hormonais. As mulheres aplicavam o creme sobre a pele uma ou duas vezes ao dia para alcançar a dose alvo.

Embora a progesterona e a DHEA sejam disponíveis livremente para a venda nos Estados Unidos, as doses prescritas para tratamento, como aquelas utilizadas no estudo, são muito maiores.

Resultados animadores

Ao longo dos 12 meses, as participantes que receberam o tratamento do estudo apresentaram:

  • Diminuição significativa na depressão e na ansiedade, conforme avaliadas pelas Escalas de Depressão e Ansiedade de Hamilton (Hamilton Depression Scale and the Hamilton Anxiety Scale);
  • Melhoras significativas da qualidade de vida e dos sintomas menopáusicos, tais como fogachos e sudorese noturna, conforme avaliadas pela Escala de Climatério de Greene (Greene Climacteric Scale);
  • Ausência de efeitos hemostáticos prejudiciais, conforme indicado pela redução significativa do fibrinogênio e do fator VII, sem alterações relevantes no fator VIII ou no inibidor do ativador do plasminogênio tipo I.
  • Ausência de efeitos antiinflamatórios prejudiciais, como revelado pela redução significativa na proteína C reativa (PCR), e sem alterações relevantes na interleucina 6;
  • Efeitos cardiometabólicos benéficos, como revelado pela redução significativa da pressão sangüínea sistólica, pressão de pulso, glicemia e triglicerídeos em jejum.

Ainda é cedo

“Os hormônios não são iguais, e as preparações hormonais também não”, disse Dra. Stephenson. “Há riscos e efeitos claramente diferentes nos fatores inflamatórios e trombóticos e biomarcadores cardiovasculares”.

Neste estudo, a PCR e os triglicerídeos sofreram redução em mulheres que receberam hormônios manipulados transdérmicos derivados de plantas, enquanto outros estudos demonstraram aumento da PCR e dos triglicerídeos em mulheres que receberam terapia hormonal eqüina e sintética convencional, ela acrescentou.

Contudo, “estudos clínicos mais amplos são necessários para determinar se este tratamento é uma boa alternativa à terapia de reposição hormonal convencional”, ela disse.

"As pacientes aprovam"

“Muitas mulheres na peri e na pós-menopausa com sintomas leves podem receber terapia antidepressiva ou contra a ansiedade, mas tratando-se a causa fundamental — mudanças hormonais — observamos melhora estatisticamente significativa da disforia”, informou Dra. Stephenson.

Ela acrescentou que, na sua prática clínica, pacientes que receberam terapia de reposição hormonal transdérmica manipulada ficaram satisfeitas porque é fácil, possui poucos efeitos colaterais, é muito bem tolerada e é eficaz para sintomas leves e sintomas relacionados à mudança hormonal, como secura vaginal e sudorese noturna.

É importante, ela acrescenta, que um farmacêutico especializado em medicamentos manipulados prepare a terapia de reposição hormonal transdérmica. A International Academy of Compounding Pharmacists, que ajudou a financiar o estudo, registra esses profissionais em seu web site. Outras informações estão disponíveis nos web sites do Professional Compounding Centers of America (PCCA) e PCCA do Canadá.

Este estudo foi parcialmente financiado pela Progesterone Foundation e a International Academy of Compounding Pharmacists. Os autores do trabalho não revelaram relações financeiras relevantes.

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